3 em cada 4 mulheres relatam assédio nas grandes capitais brasileiras
Direitos HumanosA Pesquisa Instituto Cidades Sustentáveis sobre Viver nas cidades — Mulheres evidenciou a alta incidência de assédio contra mulheres nas 10 maiores capitais brasileiras. Porto Alegre é a cidade com maior percentual de relatos

Por Lucas Neves
Nas 10 maiores capitais brasileiras, 3 a cada 4 mulheres afirmam ter sofrido algum tipo de assédio. É o que indica estudo do Instituto Cidades Sustentáveis em parceria com o Ipec — Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, a partir de dados coletados em dezembro de 2024.
Com uma amostra de 3500 entrevistados, sendo 53% do gênero feminino, a Pesquisa Instituto Cidades Sustentáveis sobre Viver nas Cidades — Mulheres tem o objetivo de avaliar a percepção dos internautas sobre a desigualdade de gênero. As entrevistas foram realizadas de forma online, com residentes de Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Goiânia, com controle de cotas pelas seguintes variáveis: sexo, idade, classe social e ocupação.
Para traçar um panorama sobre o assédio, a pesquisa avalia os casos ocorridos em 6 ambientes diferentes. Cerca de 75% das mulheres entrevistadas afirmaram já ter sido vítimas em pelo menos um desses espaços. A capital com maior incidência de assédio foi Porto Alegre (78%) e as menores foram Fortaleza (68%) e Belo Horizonte (68%).
As ruas e outros espaços públicos, como praças, parques e praias, são os locais com mais relatos de violência, seguidos pelo transporte público e o ambiente de trabalho. Em Porto Alegre, a pesquisa destaca o alto percentual de assédio em bares e casas noturnas, comparado às outras capitais.
Além disso, a pesquisa quantitativa perguntou aos entrevistados, homens e mulheres, sobre quais seriam as medidas prioritárias para combater a violência doméstica e familiar. O aumento da pena para agressores é a medida mais citada em ambos os gêneros. A ampliação dos serviços de proteção também tem consenso, ficando em segundo lugar.
Desigualdade na divisão de tarefas domésticas
Fora os casos de assédio e violência, a Pesquisa Instituto Cidades Sustentáveis sobre Viver nas cidades — Mulheres avaliou a percepção sobre a divisão das tarefas domésticas. 4 em cada 10 pessoas afirmam que as atividades domésticas são divididas igualmente entre homens e mulheres. Uma parcela semelhante também afirmou que, apesar de ser responsabilidade de ambos, são as mulheres que fazem a maioria das obrigações.
O estudo evidenciou a diferença de percepção entre homens e mulheres sobre a divisão das tarefas do cotidiano do lar. Afinal, 51% dos homens disseram que as responsabilidades são divididas igualmente, contra somente 29% das mulheres.
A pesquisa do Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com o Ipec, colabora diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Sobretudo, com o ODS 5 (Igualdade de Gênero), cujo foco é alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.