Desconcentrar poder, conhecimento e riquezas
Cultura de Doação
Escrevo este artigo tendo como pano de fundo o belíssimo mar de Fortaleza. Estou na cidade para o 13º Congresso GIFE, que neste ano traz como tema uma questão urgente e necessária: “desconcentrar poder, conhecimento e riquezas”.
Enquanto aguardo o início do evento, não consigo deixar de pensar nos dados que compartilhei há dois dias. Na última segunda-feira, tive a oportunidade de apresentar o lançamento do do Esporte da Prosas, uma ferramenta interativa que traz mais transparência e dados sobre o uso de incentivos fiscais no setor esportivo. Uma das primeiras análises que compartilhei chamou a atenção para uma disparidade preocupante: enquanto o mecanismo federal bateu recorde de arrecadação em 2024, a região norte registrou queda no volume de recursos captados e sua representação no todo do mecanismo vem diminuindo ano após ano. Em 2024, a região captou apenas 1,9% dos recursos destinados ao mecanismo. E aqui vão mais alguns dados:
As 10 empresas que mais destinaram recursos ao mecanismo no ano ado estão sediadas no sudeste;
6 delas investem a maior parte dos recursos em São Paulo e 2, no Rio de Janeiro;
Das 10 organizações que mais captaram recursos no mecanismos em 2024, 8 são do sudeste (6 de São Paulo, 1 do Rio de Janeiro e 1 de Minas Gerais); 1 organização é do sul e 1 organização é do nordeste (Bahia);
Do mais de R$1 bi captado no mecanismo em 2024, 68,4% do recurso foi destinado a proponentes do sudeste.
Afora a discussão de mecanismos de incentivo poderem ser considerados doação ou não, tema que já foi muito bem estressado neste espaço do Vozes, é inegável que o comportamento de uso dos mecanismos reflete as premissas e estratégias de destinação de recursos e filantropia.
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