Escala 6×1 afeta qualidade dos serviços das ONGs, afirma Abong

Direitos Humanos
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Em nota intitulada “Cuidar de si para poder cuidar do outro”, a Associação Brasileira das ONGs (Abong) também destacou que a escala 6×1 prejudica, sobretudo, os grupos historicamente marginalizados. 

Imagem: Adobe Stock

Neste mês de novembro, a Associação Brasileira das ONGs (Abong) se posicionou a favor do fim da jornada de trabalho 6×1. Em nota pública, a associação apontou a necessidade de oferecer condições mais dignas e sustentáveis de trabalho para a população, destacando também a importância de valorizar os trabalhadores que atuam em Organizações Não Governamentais (ONGs) e Organizações da Sociedade Civil (OSCs).

A pauta do fim da escala 6×1 tem sido bastante discutida nas últimas semanas, surgindo após a elaboração da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), encabeçada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Para tramitar no Congresso, o texto precisa da de, pelo menos, 171 dos 513 deputados federais ou de 27 dos 81 senadores.

É nomeado como escala 6×1 o regime de trabalho no qual o funcionário atua por seis dias consecutivos e tem direito a um dia de descanso semanal remunerado. Atualmente permitido, esse modelo é muito comum no setor do comércio, serviços e indústria. Em nota intitulada “Cuidar de si para poder cuidar do outro”, a Abong afirma que a jornada 6×1 prejudica particularmente os grupos historicamente marginalizados, como os desfavorecidos , negros, LGBTQIAP+ e mulheres.

“Estes profissionais, que muitas vezes enfrentam múltiplas opressões e sobrecargas, veem sua saúde física e mental ainda mais impactada por essa rotina exaustiva”, destaca o texto da associação. 

 A nota pública também reconheceu os profissionais que atuam em organizações sociais, evidenciando que esses trabalhadores, muitas vezes, atuam em condições desafiadoras e com recursos limitados em prol de causas sociais e humanitárias. Para a associação, a escala 6×1 no terceiro setor afeta a qualidade dos serviços oferecidos pelas organizações, impactando diretamente os trabalhos realizados nas áreas de saúde, assistência social, defesa dos direitos humanos e educação.

“É fundamental que essa discussão seja ampliada e que os setores público e privado reconheçam o papel essencial das ONGs e OSCs no desenvolvimento do país, apoiando políticas e iniciativas que assegurem condições de trabalho dignas e o fortalecimento institucional dessas organizações”, sugere a Abong, colocando-se à disposição para contribuir com esse diálogo.

O fim da jornada 6×1 tem repercutido positivamente entre a população. No dia 15 de novembro, cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília receberam manifestações a favor da PEC. Além disso, uma pesquisa de opinião sobre jornada de trabalho e qualidade de vida, realizada entre março e abril deste ano pelo Instituto de Pesquisa DataSenado, mostrou que 54% dos brasileiros abordados acreditam que uma jornada de trabalho reduzida poderia melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores.

Sobre a Abong

A Abong – Associação Brasileira de ONGs é uma associação nacional criada em 1991 com o objetivo de fortalecer as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) brasileiras que trabalham na defesa e promoção dos direitos e bens comuns.